A MULHER OBJETOS

O noticiário tem sido intenso, farto, generoso e muito objetivo: as mulheres entraram decididamente, no variado e criativo mercado de produtos eróticos. Foi-se o tempo, no qual, estas vestais botavam a mão na boca e morriam envergonhadas, quando alguém lhes falava de consoladores, calcinhas ou cuecas comestíveis, chicotes, roupas de lingerie sedutoras e outras maravilhas da culinária antropofágica sexual contemporânea!
Hoje, elas entram no sex shop e vão logo pedindo:
-Tem camisinha rosa, lubrificada com óleo de girassol e desenho de tromba de elefante?
Para que serviria isto, fica o questionamento? A camisinha tudo bem. O óleo de girassol, talvez uma herança atávica da cozinha, mas a tromba do elefante? Deve ser para que elas possam acompanhar o crescimento da trombinha durante a ereção masculina. Este forte sentimento maternal feminino é indestrutível. Aliás, cabeça de político e de mulher, ninguém entende.
Mas, já era tempo, realmente, das mulheres despirem-se ou continuarem se despindo destas besteiras preconceituosas de que isto é “coisa de homem”.
Devemos reconhecer que nossas parceiras, esforçam-se com denodo e determinação, para serem cada vez mais “freedom”. Oh, estes indestrutíveis ideais libertários da democracia norte - americana, plantados, com tanta diplomacia, sabedoria e verdade em solo iraquiano! Como vicejam!
As mulheres livraram-se dos antigos traumas sexuais e derrubaram tal qual, o muro de Berlim, as tradicionais “quatro paredes” dentro das quais agora realmente, vale tudo, até negociar cheques e cartão de crédito por um desempenho sexual menos padrão. É a teoria de mercado neoliberal, aplicado com sabedoria e competente senso de negociação, por estes seres que menstruam e pariram a todos nós.
Elas explodem agora sua libido a céu aberto. As de esquerda só não gostam de céu de brigadeiro!
Mais afinal, como interagem estes maravilhosos seres, cujo erotismo aflora neste limiar do terceiro milênio, com estes objetos, chamados de acessórios do amor?
Louras, mulatas e morenas, médicas, sexólogas, secretárias bilíngües enfim, como lidam estas insaciáveis mulheres carnívoras, por natureza, e amantes, também, de churrascaria rodízio? Quais serão os seus perfis de consumo em relação aos objetos eróticos, estes brinquedinhos acessórios e as suas freqüentes idas as churrascarias, por exemplo?
Bem, nas churrascarias, já as conhecemos demais, e sabiamente sempre dispensam os acessórios, como a gordurosa batata frita, bananas à milanesa, farofa, a horta indesejável sintetizada naquela salada interminável e aquele pesado arroz que entope o tubo digestivo. Concentram-se de corpo, boca e mente nas suculentas carnes, e de forma seletiva, talvez por razões inconscientes, nas seguintes:
Maminha - lembram-se que têm que fazer implante nas suas;
Picanha - é o momento que olham os maridos abaixo da linha da cintura com um provocante ar de zombaria,
Contrafilé - lembram que são também contra as malditas filas de banco, caixa de supermercado e cabeleileiro.
Fraldinha - até choram, quando esta iguaria e oferecida, pensando nos seus bebes passados, presentes ou futuros;
Filé mignon - momento desconcertante, na qual tenha afastar a imagem do Ricardão da sua cabeça;
Chuleta - olham, ostensivamente para os pés dos maridos, fungando a procura de vestígios de chulé.
Lombinho - algumas chegam até a afagar seu parceiro quando o garção lhes apresenta aquele espetão, com esta iguaria. Outras dizem que não querem, não suportam, enquanto os homens aceitam comer vários durante a refeição. Esta insistência masculina em degustá-los, por vezes desperta acalorada discussão pública entre os comensais. É como se elas dissessem: ”Safado, não estamos na cama!”.
Finalmente, seriam as mulheres, igualmente ardilosas, seletivas e inteligentes ao comprarem e usarem os produtos de sex shop?
Recente pesquisa demonstra um quadro confuso e pouco alentador. É possível que a tabulação e interpretação dos seus resultados tenham sido elaboradas por uma cabeça machista e doentia. Hipótese à parte, descobriu-se que a mulheres compram e fazem uso, absolutamente, inadequado, destes acessórios ou objetos eróticos, nesta ordem de preferência:
-Chicote - Usam para espantar insetos em geral;
-Finger fum toungue - Vibrador em plástico rígido que acoplado ao dedo, serve para estimulação íntima. As mulheres têm optado em usá-lo para uma higiene mais radical das narinas, e como um excelente desentupidor profundo de ralos da pia.
-Vibrating nipple super sucher. Excitantes ventosas para os mamilos, com bombinha de sucção e mini-vibradores. Uma derivação de seu uso erótico foi descoberta por mulheres que acabam de ser mães. Usam-no para extrair o leitinho do mamá, para o nenê.
-Cuecas e calcinhas comestíveis de menta e chocolate - Comem escondidas do parceiro. As gordas devoram dezenas por dia!
-Roupas de couro preto - usam à tarde com suas amigas em bailinhos funks, nas suas casas, enquanto os filhos estão na escola e o parceiro trabalhando;
-Máscaras de couro preto - brincam com os filhos de Batman & Robin;
-Handy massager. Estimulador de clitóris com quatro cabeças diferentes. Totalmente à prova d’água. Funciona com uma pilha pequena. Seu uso alternativo pelas mulheres tem sido para esticar massa de pastel.
-Camisinhas - Só compram as coloridas. Enchem e enfeitam a casa, principalmente, nos aniversários dos cachorros;
-Algemas - usam para prender, os mesmos cachorros, na perna da mesa.
-Tapa sexo de diversos sabores - Comem, também!
- Produtos Gel: Por ser muito extensa e diversificada esta linha de produtos eróticos, cabe uma subclassificação:
-Gel em geral - usados por elas, para passar nos pneus e tapetes dos carros. Garantem que ficam, limpinhos, pretinhos e brilhantes.
-Gel amarelo para sexo oral, sabor abacaxi, menta e limão - usam para fazer bochechos e cargarejos. Dizem que melhora o hálito.
-Gel azul que retarda a ejaculação/ prolonga ereção - Passam nos móveis de madeira. Segundo as virtuosas no uso destes produtos eróticos femininos, protege contra cupins e previne o amolecimento, flacidez e o descascamento dos vernizes. Uma corrente adversária, no entanto, ainda defende o uso do tradicional, poderoso e afrodisíaco óleo de peroba.
-Gel rosa, excitante vaginal - Não se interessam e não compram.
-Gel verde, lubrificante anal - Nem conhecem.
-Fantasias: de bailarina, coelhinha, colegial, enfermeira, mulher gato, odalisca, noivinha, tiazinha e tigreza - compram e doam para o bloco de sujo do bairro, da escolinha maternal dos filhos e diversas ONG’s carnavalescas que trabalham com meninos de rua.
De todos os produtos eróticos são as fantasias os que lhes dá maior sensação de liberdade existencial cabendo, no entanto, um providencial destaque para:
-Fantasia de doméstica - compram e rasgam;
-Fantasia de viuvinha rica - São as mais procuradas pelas mulheres. Não vêem chegar o dia para usá-las. Estão sempre esgotadas.



A MEDICINA DO PRAZER

Conheci uma boa médica. Bota boa nisso! Que mulher lindíssima. Inicialmente, pensei que seria muito esparadrapo para o meu curativo. No entanto, certos desafios devem servir para implodir nossa timidez inconseqüente. Afinal, quem quer corre atrás, para chegar à frente. Então,conversa vai, conversa vem e já estávamos no seu apartamento. É ali que ela troca o elegante jaleco de linho branco por uma sedutora lingerie preta. Sendo assim, nenhuma objeção. Bebidinhas nada ortodoxas. Tira gosto farto. Um som da melhor qualidade. Pouca luz e uma atmosfera propícia para uma complexa, demorada e penetrante consulta a todos os meus sintomas afetivos. Que corpanzil. Não era grande, não. Era perfeito! Não confundam caçarolinha de assar leitão com Carolina de Sá Leitão. Grande, não perfeito! Oh, o amor é lindo. Esta doce perita da cura, jamais deve ter se preocupado se os homens iriam ou não propiciar-lhe generosas preliminares. Ao contário de muitas outras que chegam a fazer até passeatas em vias públicas, levar multidões a Praça da Sé ou a Candelária em comícios feministas pró preliminares, com aquela criatura isto seria uma obrigação inadiável da minha parte. Negar-lhe uma extenuante preliminar seria o mesmo que tivesse ido para uma pescaria, sem anzol. Declinei do menor vestígio de machismo, monitorei todo o crescimento dos meus desejos, exorcizei qualquer possibilidade de ejaculação precoce mantendo a ansiedade absolutamente, sob controle. Para tanto, confesso que nos momentos de maior pico de tensão pensava no Paulo Salim Maluf nu, dentro do xadrez, e se dizendo inocente. Iria explorar aquele corpo, tal qual um geógrafo procura pelos rios, cachoeiras e cascatas nos mapas dos lugares mais desconhecidos deste planeta. Entre mil formas diferentes de demonstração de afeto, numa empolgação de deixar escola de samba com inveja, e no auge de uma das minhas mais irretocáveis performances, de repente ouço no meu ouvido um sussurrar rouco e quente, que dizia:
-Assim meu amor, explore mais meus corpúsculos de Meissener. Faz assim, querido. E por favor não entre em estado de detumescência. Oh coisa gostosa! Tenho certeza que hoje não vou ter dispareunia. Como é lindo o seu membro. Nenhum vestígio de doença de Peyronie.
-Espera! O que está acontecendo, aqui?- inquiri e dando uma violenta freiada!
-Não amor, não pare - insistia.
-Já parei! - disse, decretando a falência múltipla das minhas ações.
Um momento de silêncio intenso como já mais supunha existir, desabou sobre aquele ambiente que ainda a pouco era o mais perfeito ninho de amor. Com pica-pau e tudo! Olhamos demoradamente, um nos olhos do outro. Seu rosto era um misto de decepção e culpa. Lágrimas verteram do seu lindo e verde olhar. Sua beleza então se tornou mais exuberante e sofrida. Resolvi partir para o diálogo:
-O que é que você falou sobre doença de Peyronie no meu membro?
-Oh desculpe, eu estraguei tudo...
-Eu tenho ou não tenho este troço no meu membro?
- Não. Eu disse que ele era lindo e não tinha nenhum vestígio da doença.
-E porque você falou nisso, logo naquela hora...
-É um vicio profissional, em geral os homens apresentam sempre algum vestígio de doença de Peyronie no membro...
-Mas que diabo é isso? Se eu não tenho, porque você precisava falar. É alguma tara?
-Pois é, uma besteira. Desculpe.
-Agora explica o que é isso.
-Depois. Vamos continuar nosso...
-Não, que doença é esta que eu não tenho e que você falou sem ter precisado ter falado?
-É a fibrose da membrana albugínea que reveste o corpo cavernoso, determinando curvatura do eixo do pênis.
-Curvatura do eixo do pênis?
-É meu amor. O pênis fica torto pra direita ou pra esquerda e meio curvado...
-Então parece que bateu de frente, não é isso? Fica com a carroceria fora do centro e o carro anda de lado (risos, muitos risos);
-Não, seu bobinho. Dá para quebrar o galho. Pode também operar. E rápido e o sucesso é garantido.
- Ainda bem que dá para fazer uma lanternagem. E a tal da detumetendo
-Não é detumetento (mais risos, agora mais soltam e descontraídos).
-Você falou no meu ouvido para que eu não entrasse em estado detumetendo...
-Estado de detumescência.
-E daí? Eu tô no maior rala e rola, querendo nota dez nas preliminares e de repente você mete esta coisa no meu ouvido...
-Pois é. Foi mal!
-Dá pelo menos pra explicar?
-Estado de detumescência e a redução da inchação dos corpos cavernosos, é quando o pênis retorna à condição de flacidez.
-Amolece?
-É fica flácido.
-Você notou que eu estava entrando em estado de detumescência? Estava broxando?
-Não, absolutamente. Pelo contrário...
-Então porque falou?
-É esse vicio profissional do diagnóstico.
-Você quando tira o jaleco, também tem que tirar da cabeça estas coisas. E depois ainda teve aquele tal de corpúsculos de quê?
-De Meissner?
-E eu com isso?
-Eu pedia a você que explorasse bem meus corpúsculos de Meissner, que são corpúlos da pele responsáveis pela percepção do tato...
-Porque não pediu logo em português normal. Podia ter dito: amassa-me toda , morde, beija, arregaça, vai fundo...
-Pois é um tremendo vacilo. Estava tão gostoso, meu amor. Sentia que você realmente, estava caprichando naquelas preliminares que nós as mulheres vivemos cobrando de vocês, Aí estraguei tudo, com aquele palavreado que lhe assustou. Esquece .Vamos...
-Ainda não. Você fala as coisas no meu ouvido que parece um tsunami. Uma verdadeira porrada na minha escuta. Aquela tal de dispareunia soou como um soco na minha trompa de eustaquio.
-Eu lhe explico. Dispareunia é quando a mulher na hora do coito sente dor.
-Sente dor?
-É uma doença. E disse pra você que eu não ia sentir dispareunia desta vez.
-Ainda bem, afinal nós viemos aqui para sentir prazer ou dispareunia?
-Pois é eu disse que não ia sentir. Pronto agora vamos voltar para aquelas maravilhosas preliminares que você estava me proporcionando, meu amor.
-Tudo bem, mas só lhe peço um favor, fica só gemendo. Tá certo?
-Prometo!




A AMANTE ORIGINAL


Aproxima-se o fim de mais um dia de intenso trabalho, e aquele pensamento constante e repulsivo, não lhe saía da mente! Pensava a cada minuto, naquela criatura vil e aterrorizante que deixara em seu lar.
A última noite, em sua companhia, fora a mais cruel e insuportável, e naquele momento resolvera, de uma vez por todas, por fim àquela situação.
Chegando a sua casa, logo ao abrir a porta, deparou com aquela criatura mesquinha, sórdida e provocadora que não lhe dava um minuto de descanso, fazendo-o passar os dias e as noites mais infelizes e atribulados da sua vida.
Resolveu declarar guerra àquela megera, acintosamente deitada em sua cama, como a desafiá-lo, ostensivamente.
Atirou-se à cama para agarrá-la e castigá-la, masculamente.
Ela fugiu, logrou escapar, indo para a sala tentando esconder-se, numa atitude covarde, digna, somente das criaturas inexpressivas.
Ele a seguia furiosamente, tinha de uma vez por todas que acabar com aquele sofrimento brutal, que fazia do seu lar, um cubículo triste e aterrorizador.
Iria espancá-la com o salto duro do seu sapato, daria contra aquela cabeça vazia, para ensiná-la a dor que nunca antes havia conhecido, pois jamais fora homem de bater em ninguém, quanto mais num ser mais frágil como aquele.
Calculou friamente a pancada e mandou brasa, porém mais uma vez, aquela criatura conseguira desvencilhar-se, correndo de um lado para outro como se estivesse zombando da sua virilidade e, finalmente, foi para o quintal. O nosso pobre amigo suava frio por todos os poros e, o cansaço já era uma evidente realidade em seu corpo.
Numa atitude derradeira e louca, resolveu matar aquela coisa, sim matar a tiros. Faria daquele ser, migalhas.
Rapidamente foi ao quarto, abriu a gaveta. Tremiam-lhe as mãos. Apanhou sua arma - um revolver 38, cano curto - e a passos firmes caminhou para o quintal escuro, envolvido na noite fria de inverno. A vitima, ali estava escondida.
Ascendeu uma vela que trazia no bolso e colocou-a no chão. Então a luz fraca da vela, descortinou-a encostada a um canto, já agora temerosa, mas nem por isso, menos intragável e repulsiva.
Corajosamente, apontou-lhe a arma. Fez mão firme, pois aquele era o momento mais dramático da sua vida. Mirou-lhe, estrategicamente, a arma, para o seu crânio e disparou por diversas vezes, ouvindo-se as secas detonações das cápsulas. Seguiu – se a morte instantânea da vitima, já agora enlameada e inerte no solo.
Sua cabeça destroçada sob a terra aguada da chuva, que algum tempo caía, como para limpar as horrendas manchas daquele ser, apresentava-se como o quadro final daquela tragédia.
-Livre, estou livre – gritava, histericamente, aquele secular sofredor.
Sim, jamais passaria outras noites em claro por causa daquela criatura.
Lá estava ela destroçada pelos certeiros tiros do nosso frouxo machão, que na linguagem esportiva, dir-se-ia ter acertado bem na mosca, porém, o que não é verdade, pois no caso a mosca era uma barata, ou se quiserem seu nome científico, aqui vai: Periplaneta Americana.

EPITÁFIO
Barata, do latim, blatta, substantivo feminino, ortóptero onívoro, de corpo achatado e oval, que põe ovos em ootecas (estojo). Pode ser silvestre ou doméstico,e tem hábitos noturnos, segundo o dicionário do Aurélio.































HOMENS ADORAM FALAR...

-Só bebo socialmente;
-Este ano, bebi socialmente, todo dia;
-Preciso parar de beber;
-Tem algum aí pra me emprestar?
- Depois eu te pago...;
-Aquele cara é bicha;
-Sabe quem eu comi?
-Ainda, vou comer aquela “mina”!
-Aquela ali, eu já comi;
-Tá vendo ali sentada? Comi sábado!
-Aí cara, comi a mãe dela!
-Estava trabalhando! Pô, mulher, não enche o saco!
-Querida, também não agüento mais reuniões até estas horas da madrugada;
-Vou ter que viajar fim de semana, que chatice! Queria tanto ficar com você!
-Este mês está apertado;
-Todo dia você me pede dinheiro;
-Dinheiro? Não tenho;
-Quanto? Não tenho. Só final do mês;
-Estou sem cheque;
-Meu cartão de crédito? Estourou;
-Não tenho mais cartão de crédito;
-Estou ganhando pouco;
-Vou pedir aumento;
-Tenho que parar de fumar;
-Semana que vem vou parar de fumar;
-Á partir de amanhã fumo no máximo seis cigarros por dia;
-Ano que vem já parei de fumar;
-Não aquento mais minha mulher;
-Não aquento mais os meus filhos;
-Não agüento mais minha sogra;
-Garçom, trás mais “umas”;
-Garçom, e as batatinhas?
-Nunca broxei;
- Eu sou é espada!
-Dou duas, sem tirar de dentro;
-Por dia? Ah, umas duas ou três;
-Se minha mulher aguentasse, eu não saía de cima dela!
-Sou solteiro meu amor, juro sou solteiro;
-Meu amor, sou casado, mas minha mulher é sapatão;
-Coitadinha, minha mulher já tirou a vesícula, os seios, útero, trompas, está muito mal...
-Minha mulher é muito porca;
-Minha mulher não sabe cozinhar; costurar e detesta sexo;
-Minha mulher tem tpm, é histérica, é frígida. Toda doente;
-Tá bem, juro, vamos casar final do ano;
-Ainda dou uma porrada no meu chefe;
-Cheguei tarde por causa do trânsito,
-Amanhã vou chegar tarde por causa do trânsito,
-Nunca vou chegar na hora, por causa do trânsito;
-Tenho que fazer exame de próstata;
-Já fez exame da próstata?
-Dói fazer exame de próstata?
- Cara, que vizinha gostosa!
-Esse cara é um tremendo ladrão;
-Preciso trocar de casa;
-Preciso trocar de emprego;
-Preciso trocar de carro;
-Preciso trocar de mulher;
-Todo dia você me pede dinheiro;
-Mulher, não se esqueça da minha cervejinha, presuntinho, salaminho, tremocinho, amendoinzinho, pastelzinho, empadinha...;
-Pô mulher faz aquela feijoadinha?
-Pô mulher faz aquele anguzinho;
-Pô mulher faz um bifinho com fritas,
-Pô mulher, deita aqui;
-Pô mulher faz um...
-Você só vive cansada;
-Corta essa, nunca tive amante!
-Aí amigão tô como uma amantezinha!
-O meu é enorme;
-O meu? Tem uns quarenta, quarenta e nove, por aí;
-Não vai doer;
-Só um pouquinho;
-Não pára, não pára...
-Vira.

TUDO TEM LIMITE!

Qual é o ponto exato de ruptura, da capacidade humana de perdoar. É possível imaginar-se que o perdão tem limite? Afinal, se é um valor transcendente às mazelas praticadas pelo comportamento dos homens, então teoricamente, o perdão não tem limites. Assim como, não é possível uma mulher estar, mais ou menos grávida, ou alguém ter mais ou menos caráter ou ser relativamente, honesto, da mesma forma perdão, é perdão. ou não é? Todas as religiões, doutrinas e credos pregam o amor e o perdão. Entre os católicos, por exemplo, já na tenra idade, o rebento é batizado, crismado e faz primeira comunhão. Com esta blindagem do bem, ninguém poderia dizer que ignorava o valor do perdão, para jogá-lo embaixo do tapete. Entre os pentecostais renovacionistas em geral, os princípios sobre o perdão, são os mesmos, com pequenas modificações nas formas de administrá-los. Os hindus, por exemplo, não perdoam que um cidadão passe de uma casta para outra, os católicos que o diabo desça no seu pedaço, os budistas que falem mal do jovem Guatama e que se tornou o fundador da religião, no islamismo àquele que não faça uma peregrinação à Meca, pelo ao menos uma vez por ano, os mórmons muito ativos, incansavelmente, trabalhadores não perdoam os baianos, e os judeus não perdoam dívida nenhuma! Exagero? Talvez! Esta evidente demonstração dos imponderáveis sacrifícios, para o cumprimento dos princípios que norteiam o perdão, pode ser retratada nesta passagem, que transcreve um diálogo, ocorrido no interior de Minas gerais.
-Bom dia senhor pastor-prefeito.
-Bom dia Altamiranda. Como vai o seu marido?
-Bem, senhor prefeito, como o Senhor sabe, além de votarmos no senhor, ser da sua igreja, e muito admirarmos seus encantadores estudos da “palavra”, o meu marido ainda o admira muito por torcerem pelo mesmo time, aqui de Varginha.Não é porque o senho é prefeito, mas o Sr,é um prefeito perfeito!
-Para honra e gloria, irmã. E a sua filha?
-Nem lhe conto...
-Está doente?
-Pior. Fugiu com o filho do seu Beto, dono da birosca.
-Não sabia...
-Pois é pastor-prefeito, estou querendo matá-la. Desculpe a heresia!Desgraçada!
-Irmã, tenha calma e piedade. Foi um momento de fraqueza. É perdoando que somos perdoados...
-E está grávida.
-Irmã: crescei e multiplicai! Afinal, não podemos ser tão intolerantes, assim! O erro é a porta de entrada da sabedoria, para aprendermos o caminho certo das coisas, numa próxima situação.
-Desculpe prefeito-pastor, mais o meu ódio é muito grande! Mato aquela vagabunda. E ele, o safado aproveitador,ainda por cima, está desempregado...
-E quem não está atualmente? Vivemos momentos de singulares sacrifícios!
-Roubou o carro do meu marido, para fugir com ela.
-Outro lhe será acrescentado, tenha fé e fique calma!
-Ainda por cima, o bandido fuma maconha e viciou minha filha.
-Desagradável. Mas o perdão é o exercício vivo da generosidade.Você tudo pode Naquele que lhe fortalece...
-É linda esta passagem, Senhor pastor-prefeito...
-Só o perdão evita mau hálito, acidez estomacal, câncer no colo do útero...
-É verdade!
-Fora do perdão, não há salvação, irmã. Pense quantas pessoas estão neste momento em situação mais degradante, triste e dolorosa do que a sua. Cada um com a parte da cruz que merece.
-O senhor pastor-prefeito sabe consolar. E a Soninha, sua filha?
-Oh, irmã uma benção. Já me deu o neto que tanto esperava. Uma benção irmã. Lindo, sadio e parecido com o vovô (risos). Apesar de não sabermos quem o pai, mesmo assim a perdoei.
-Sr. pastor prefeito, posso lhe confidenciar uma coisa?
-Ora, Altamiranda, fique a vontade.
-Eu sempre soube da verdade...
-Que verdade, irmã?
- De quem “fez mal” à sua filha e não assumiu. Sempre tive muito medo de contar-lhe.Se eu soubesse que o perdoaria já tinha tirado este peso das minhas costas
-Não acredito que a irmã, tenha escondido do seu prefeito- pastor coisa tão séria.
-Se eu soubesse que o Sr. era tão generoso assim, a ponto de perdoar, como está, insistentemente, me pedindo, eu já teria dito antes. Eu tinha muito medo que o Sr. mandasse castigá-lo ou coisa pior. Afinal, é o nosso prefeito-pastor, é poderoso, tem muitos amigos, ninguém lhe negaria nenhum favor, nenhum pistoleiro destas bandas ousaria negar-lhe um pedido de matança.
-Diga Altamiranda. Creia que serei ponderado, seja o que favor, creia...
-Sr. Pastor-prefeito foi justamente este infeliz desempregado, maconheiro e safado, que fugiu com a minha filha grávida...
-O quê! Não acredito! Não é possível! Altamiranda, mando colocar você no "pau de arara",não minta para o seu pastor - prefeito. Eu lhe dou uma porrada! A minha pressão fica descontrolada,Altamiranda, e depois que eu perco as estribeiras, nem o satã me segura!
-É verdade, infelizmente esta é a triste verdade. Só tive coragem de falar, pois está tão feliz com sua filha, que acabou de lhe dar o netinho, que tanto queria, para honra e graça do...
-Do cassete,Atamiranda! Honra e graça do cassete. Canalha! Eu mato este fdp, ordinário, pústula. Vou saber onde está e mandar cortar aquele pau endomoniado, desgraçado...
-Não faça isso, prefeito-pastor! Pode ser até endemoninhado, mas agora é da minha filha. Se o Sr. mandar cortar, depois não pode nem pensar em voltar mais atrás.
-Eu voltar atrás, não Altamiranda, ele é que vai passar a dar atrás, filho da...
-Prefeito-pastor, perdoa...
-Perdoar é o c... E depois de mandar cortar aquele troço, vou pedir ao Tião Manjuba para estuprar ele e jogá-lo no rio das piranhas - finalizou colérico, e com Altamiranda, debatendo-se nos seus braços, horrorizada de medo e pedindo perdão à sua filha, como que tentando exorcizar aquela confissão, por todas as terríveis conseqüências que adviriam, principalmente pela ameaça da perda irreparável daquele membro endemoninhado, que parecia já ter sido dela, também. Que inferno!Mais do que nunca Altamiranda, lembrou sua avó que lhe dizia:-Perdoar é fácil,mas quando não é o nosso que está ardendo!

QUATORZE DE MAIO.

Certos diálogos deveriam chamar-se de triálogos, tal a sua singular característica, seja pela inesperada conseqüência ou porque transformam vidas, demonstram cruamente realidades e, principalmente apontam para os seres humanos, como eles caminham muito próximos da bestialidade irracional. Exemplo? Acompanhem este curto e grosso diálogo, entre a esposa gentil e educada e o marido um pouco, talvez, muito estressado, logo de manhã ao acordarem.
-Benzinho, sabe que dia é hoje?- Pergunta a mulher com voz meiga e insinuadora.
-Que dia o quê? - ignora o marido.
-Meu adorado, calma. Sem estresse. Deixa eu te fazer uma massagem.
-E se durante a massagem eu...
-Aí eu também... (risos, muitos risos, verdadeira tempestade de risos!).
-Faz aquela massagem...
-Já sei amor. Mas “aquela” não é massagem, chama-se masturbação, não é queridinho? Vamos dar os nomes certos, para as coisas certas. Eu falei massagem, mesmo!O que você está insinuando é...
-Chega professora, Kama Sutra. Mas faz... (novamente, risos, muitos risos e algumas gargalhadas!).
-Lógico amor, mais enquanto eu faço diz pra mim: que dia é hoje querido?
-Depois eu lembro...
-Eu lembro pra você, hoje é dia quatorze de maio...
-Certo quatorze de maio, mais continua, não pára...
-Êta, homem sem graça, não faço mais nada...
-Está bom desculpe.
Os dois se levantam e ele a segura pelo braço e a arrasta até sua escrivaninha, liga o computador, vai à sua agenda e vê que no dia quatorze de maio é dia de pagar a luz, o Iptu, telefone e o cartão de crédito. Vira-se para a esposa e pergunta :
-Até que horas mesmo é possível pagar estes troços?
-Até as vinte e uma horas, mais ainda não são nove horas da manhã.
-É mais eu vou pagar logo isto, depois da massagem, ta queridinha?
-Negativo, acabou massagem, masturbação, sexo, sacanagem, acabou tudo...
-Mais benzinho. Ta bom eu pago depois , vem cá...
-Tira a mão de mim “seu” sem graça, chato, você perdeu o romantismo, a memória, nosso casamento está um lixo.
-Lixo? Eu acabo de acordar, você me pergunta que dia é hoje, a gente descobre que é quatorze de maio.
-A gente é uma ova, eu digo que é...
-Ta bom, grandes coisas você se lembrar que dia é hoje, porque eu e que me lembro que é dia de pagar um monte de despesas e boletos, me disponho a pagar, e agora você fica histérica, por quê? Se eu pago tem briga, se não pago tem briga. Estou ficando de saco cheio deste nosso relacionamento...
-Então, pé na rua. Telefona pra aquela tal de Lílian...
-Não, Lílian outra vez não.
-Então a Marta ou Judith...
-Mas são as minhas primas...
-Que você já comeu sim!
-Meu Deus, como você tem a cabeça doente...
-É melhor ter a cabeça de cima doente, do que ter a de baixo, como a sua: imprestável!
-Eu sou muito macho, ta ouvindo?
-De ouvir eu já estou cansada. Quero é ver, sentir e comprovar.
-Ah, ah, sentir!Na cama, o máximo que você sente, é o tempo passar...
-Mulher precisa de homem...
-E homem precisa é de mulher. Vou repetir: mulher!
-Quem é homem aqui?
-Eu, muito homem, você é que só pensa em estourar meu cartão de crédito, comprando estas bugigangas aqui pra casa...
-Também com aquela mixaria de crédito que você tem, estoura logo. Fique sabendo que o crédito do cartão do marido da Laura é dez vezes maior do que o seu...
-Eu quero que o marido da Laura vá pra...
-Olha seu desbocado, para com esta mania de palavrões.
Um rotundo, silencio, domina o ambiente que, logo é preenchido por uma rajada de choro daquela pobre mulher que entre uma puxada de catarro e outra balbucia:
-Seu ingrato, hoje é catorze de maio, dia do seu aniversário...
-Quatorze... Meu Deus, meu amor, me desculpa!
E aí, começam acaloradas massagens bem mais amplas e generosas, calientes e avassaladoras. Que lindo! Entre soluços, tosses e espirros, ambos começam a ficar com os rostos, fartamente, lambuzados de lágrimas e salivas um do outro, quando de repente a porta do quarto de abre, o casal se cobre rapidamente, e aquele maravilhoso menino, orgulho e filho do casal grita :
-Papai, hoje é dia quatorze de maio...
-Eu sei meu adorado filho...
-Se já sabe, então não se esqueça de pagar a escola.Tchau!

O QUE AS MULHERES ADORAM !

-Desestimular sempre a idéia do marido se aposentar;
-Arrumar rapidinho uma nova ocupação para o marido na aposentadoria;
-Mostrar o carro do namorado, para vizinhança, buzinando alto ao chegar; -Olhar de soslaio o marido da vizinha;
-Esconder o marido, do namorado;
-Repetir: adoro; odeio, estou confusa, dá um tempo, deixa um cheque;
-Não, agora não, porque ontem eu ia começar a ter um pouco de enxaqueca;

-Deixar claro, na hora do sexo que, para ela tanto faz, mas se ele quiser... -Manda a tua mãe, fazer isso,seu devasso!
-Não, aí nãoooo!
-Está bem, mais só, um pouquinho...
-Devagar seu desgraçado!;
-Já? Egoísta!
-Dizer sempre que o marido da vizinha é um autêntico cavaleiro;
-Dizer sempre que o seu marido é um autêntico cavalo;
-Caso sejam louras e vingativas xingar sempre as outras de burras;
-Se forem lésbicas, fumar charutos para se impor;
- Mentir chorando, mentir sorrindo, mentir...
- Dizer que detestam fazer compras;
- Comprar de tudo, compulsivamente;
-Nunca comprar o essencial, pois de tanto lerem o livro:"O Pequeno Príncipe", elas acham que “o essencial só se vê com o coração”, e o coração delas, sempre cabe mais um embrulhinho;
-Ameaçar abandonar tudo;
-Ameaçar abandonar tudo, amanhã;
-Viver ameaçando a vida inteira abandonar tudo amanhã;
-Criticar todas as mulheres que empinam as nádegas;
-Empinar as nadegas até ter lordose ou perder o centro de gravidade;
-Revoltar-se quando algum homem olha para as suas nádegas;
-Revoltar-se quando nenhum homem olha para as suas nádegas;

-Olhar de soslaio para qualquer homem;
-Fingir que não viu...
-Comprar todos os celulares;

-Trocar ,mensalmente de celular;
-Perder o celular;
-Negar que sexo seja tudo na vida;
-Ficar uma boa temporada sem pensar em sexo; -.
-Reclamar que o marido não faz sexo;
-Chamar o marido de devasso e o amante de criativo;
-Ler tudo sobre dietas, ponto G, tensão pré - menstrual e preliminares;
- Dizer “sim”, como se estivesse sempre afirmando:” vou pensar”;
- Dizer: “não” e “talvez”, só para não perder o hábito;
-Precisar de muito dinheiro, de algum dinheiro, de qualquer dinheiro, de qualquer trocado, até mesmo uma merreca!
-Ter um cartão de crédito, dois, três... enfim, todos;
-Viver amaldiçoando o dia em que se casou;
-Encher o saco dos filhos para se casarem;
-Ler tudo sobre vestido de noiva;
-Não perder um casamento;
-Ir às lágrimas ao som da marcha nupcial;
-Sentir culpa da culpa que não sentiu, e continuar culpando-se pelos anos perdidos naquele longo e enfadonho casamento, ou quem sabe, de um namoro muito curto, ou ainda por não ter feito naquela hora o que deveria ser feito, e dizer com os olhos molhadinhos por lágrimas, mais ou menos sinceras, que não se arrepende de nada do que não fez a não ser pelo fato, de ter que se arrepender, pelo resto da vida, por tudo aquilo de que se privou, pelo marido, pelos filhos, pelos netos, pelos cachorros, e até... pela escada! Como são fáceis de entender estas humanas que mestruam!

A DEUSA DO RESTAURANTE

Uma mulher, alta e Loira com ar de gerente-executiva, sentou-se à mesa de um restaurante no centro da cidade, em frente a que eu ocupava.

Eram aproximadamente, treze horas. Estava só, ou melhor, acompanhada de dois telefones celulares e um laptop.

Pele bonita e rósea, tratada evidentemente, com os melhores produtos à venda neste eclético paraíso de cosméticos cuja, excentricidade dos produtos, hoje oferecidos, vão desde o creme de leite anti-rugas de ovelha prematura da África do sul, até a loção de seiva, da ova de caranguejo macho australiano e, que serve para qualquer coisa!

Sim, aquela massa corpórea era uma única e preciosa peça que a engenharia divina teria deixado escapar caprichosamente, da sua tornearia de fazer belezas. Uma dádiva dos céus. Ali estava uma máquina infernal, moldada com o carinho que se fabrica uma Ferrari Testarossa. Um clone de deusa que escorregou das alturas sagradas do Olimpo grego.

Olhou-me. Simplesmente, olhou. Garanto-lhes, no entanto, que ela não deve ter gostado do que viu pelo ar impassível e displicente do seu rosto que, aliás, abrigava um nariz aquilino , empinado o necessário para demonstrar certo ar de atrevimento , e bem mais lá por baixo, magistrais coxas que, mesmo cobertas, para um bom conhecedor, poucas curvas bastam para se imaginar o conjunto da obra.

Ao sentar-se, o fez com a elegância de uma garça, jogando todo o cabelo para trás. A mulher quando mexe, balança, e ajeita muito o cabelo, esteja certo, está insuando sua sensualidade e expondo-se ao corpo- a- corpo.

Chamou o garçom pedindo sugestão de uma comida bem leve. Instintivamente gritei:
- Eu... Eu insisti! Estou vinte quilos abaixo do normal. Comida mais leve não existe. Não tenho nenhuma gordura, pouquíssimos açucares mínimos carboidratos, colesterol zerado e pouquíssimo sal. Estou, praticamente, desidratado, principalmente, depois deste verão tórrido aqui no Rio de Janeiro.


Todos olharam para mim. Lembro-me ter ouvido uma agressiva manifestação verbal. Era alguém me chamando de babaca. No entanto, eu estava dizendo a pura verdade. Por outro lado ,não sou tão grande assim. Bem cortado, daria certinho dentro de um prato raso ou, mesmo de sobremesa.

Bem, fantasia à parte, imediatamente, caí na realidade, e a loira de boca num copo de vinho tinto. O garçom sugeriu-lhe um caldo verde com torradas, o que foi imediatamente aceito por ela.


Chamei o meu velho amigo garçom, e ao seu ouvido sussurrei:
- Leva estes restos de rabada nojenta e pegajosa da minha mesa. Isto aqui está parecendo um campo de batalha.Limpa a toalha. Parece que eu andei chafurdando num chiqueiro. Esconde esta garrafa de cerveja. Bebida de pobre! Educadamente, o garçom respondeu: - Sim senhor, douuuutor!


Percebi que a palavra “doutor”, sobressaiu, propositadamente, muito mais alta na frase e pronunciada com um inusitado vigor. Entendi o propósito. Apesar da “força” do amigo garçom, naquele momento, ela estava falando com os dois celulares ao mesmo tempo. Eram celulares tão pequenos que se ela não tomasse cuidado, poderia engoli-los junto com o caldo verde.

De repente nossa loira, aveludada, macia, exalando um odor de fêmea no cio, deu uma cruzada de pernas tão generosa que pude sentir até a textura, singeleza e maciez daqueles pelinhos loiríssimo, tipo pêssego, e que certamente povoavam seu corpo, em regiões muito mais generosas e interessantes a serem exploradas. Apesar do pouco que já tinha visto, estava muito grato e satisfeito aos deuses do amor, da felicidade e da beleza e por que não dizer, com a libido batendo palmas!

Em seguida, o garçom trouxe-lhe o caldo verde e, enquanto ela o sugava, algumas tiras um pouco mais longas de couve que, boiavam naquele néctar de batata, ficavam penduradas entre os seus róseos e carnudos lábios e o prato. Com a perfeição de uma autêntica profissional da degustação, ela os levantava com a ponta da língua enrijecida e os chupava ainda mais, vigorosamente - nossa, chegava a arrepiar! - para dentro da boca, como se fossem longos pedaços de sedução!


Uma mulher como aquela na guerra do Peloponeso, por exemplo, lutando ao lado dos 500 de Esparta com um modelito de couro provocativo e aqueles enormes seios arremessando-se para frente , implorando liberdade, jamais teria perdido a batalha para os Persas. Quem iria prestar atenção naqueles soldados gregos cabeludos? Xerxes, o valoroso comandante persa, seria o primeiro a se enfiar com ela em qualquer brecha do Estreito das Termopilas , abandonando a batalha e mandando aquela guerra chata e calorenta, literalmente, para casa do cassete .


Nestes meus devaneios, fiquei distraidamente, tirando com a ponta da unha, um pedaço de carne da rabada que havia ficado presa entre os meus dentes, quando o garçom amigo e, torcendo pela minha vitoria, alertou-me para o fato de que eu estava parecendo um animal ensandecido, ao ficar cutucando os dentes. E foi taxativo:

-Nem a unha, nem palitos, por favor. Ainda alertou-me que o zíper da minha calça estava aberto. Era natural, pois a pressão externa era cada vez maior. Sentia fogaços por todo o corpo apesar, do ar condicionado.

Enquanto isto, a loira já tinha terminado seu discreto e leve jantar.


Chamou o garçom. Perguntou-lhe onde era o toalete. Levantou-se e foi na direção indicada. Instintivamente, levantei-me, também, indo ao seu encontro,quando uma grande, pesada e providencial mão do nosso querido garçom, puseram-se sobre os meus ombros empurrando-me, vigorosamente, contra o assento prevendo minhas mórbidas intenções.

Ao voltar do toalete, pediu a conta. Recusou o cafezinho. No entanto, solicitou uma determinada marca de charuto. O garçom disse que não tinha, mas na tabacaria ao lado, certamente, deveria ter e que ele mandaria comprar.

Minutos depois chegou o tal charuto, que pelo tamanho e grossura parecia ser mesmo um míssil cubano. A loira então, tirou delicadamente, o invólucro de papel idêntico a um anel daquele roliço artefato, deu uma dentadinha bem na ponta do charuto, e eu instintivamente senti um forte pulsar nas chamadas partes baixas, a ponto de verificar que o zíper tinha aberto novamente.Fechei-o!

Pediu ao garçom para acender e ele desmanchando-se em desculpas disse que não era permitido.

-O quê? Quem vai me proibir de fumar? - replicou a fêmea em cólera.

-Minha senhora, a gerencia, infelizmente não permite - ponderou o garçom.

- Pois bem, chama este gerente idiota , porque vou dizer-lhe umas verdades cara a cara! Eu fumo charuto desde os dezessete anos quando meu pai ainda era fazendeiro lá nas terras do Rio Grande do Sul. Tenho que fumar depois das refeições, senão enlouqueço e sou capaz de quebrar esta porra toda!

Atônito, sem ter a mínima noção do que fazer o garçom se retirou em direção a gerencia. Enquanto isto, alguns clientes começaram a gritar de forma provocativa:

“Fuma, fuma, fuma!”. E a outra banda podre, bradava: “quebra, quebra, quebra!” .

Aquela reencarnação grega era, sem dúvida nenhuma, a verdadeira deusa Afrodite ou quem sabe, HeIena de Tróia. Desesperada a fumante gritou ensandecida:

-Faço um escândalo, tiro a roupa nesta espelunca.

Aí foi demais. Ante aquela santa ameaça, meu zíper explodiu!

DIÁLOGO METROSSEXUAL




Antigamente, as mulheres detinham a prerrogativa de poderem tudo, nesta intrincada área da beleza e seu variado arsenal de cosméticos e outros recursos embelezadores. Mulher sempre usou batom. Algumas, até quando, não gostavam da cor de nenhum deles, usavam-no incolor. Ninguém sabia que ela o estava usando. Só ela! Não é o máximo! Mulheres são como índios, quando se pintam é porque vão à guerra. As mulheres descobriram, também o mercado de trabalho.Ficaram meio estabanadas.


Hoje, é comum ver-se uma mulher fechando a braguilha, ao sair dos banheiros dos restaurantes.


Algumas poucas, até cometem o maior de todos os pecados, para uma mulher: palitar os dentes em público!




É natural que uma executiva, tão atarefada e estressada ,por vezes descuide um pouco da estética ,dos modos e , principalmente da moda. Mergulhe naquela aparência desesperada, como se estivesse procurando um banheiro, relativamente limpinho, para descarregar suas aflições do almoço. Só nestas horas é que ela se dá conta das suas necessidades, literalmente.
Algumas até, relaxam demasiadamente comos seus corpos.

Mas ainda são pouquíssimas! Assim, como, elas avançaram no mercado de trabalho masculino, tornando-se competentes motoristas de tratores, caminhão de carga, aviadoras e até vitoriosas lutadoras de boxe e artes marciais, os homens deram, também, a resposta.

Bem devagarzinho, foram infiltrando-se nos coiffeurs femininos, passaram a ler catálogos de produtos de beleza, trocavam rápidas informações entre eles, sobre cremes e seus derivados.


Enfim, nasce o homem metrosexual. Bronzeamento artificial, depilação do corpo e das sobrancelhas, roupas incrementadas, uso de hidratantes para a pele, pintura das unhas e muito mais. É um luxo só! Mais bem tratados, do que rainha de bateria em desfile de escola de samba. E isto não tem nada a ver com opção sexual. Não são, mais ou menos
homens, mais ou menos heterossexuais, muito ou pouco afetados, mais ou menos insólitos que uma alegre dragquenn. Não, não é nada disso! É pura vaidade mesmo! Continuam, muito machos e até dizem que não se depilam, raspam. Utiliza de bazófias, tipo: - ”eu não chupo mel, mastigo as abelhas”! Mas lá no fundo, são homens tenros, doces, moldáveis e carentes. O macho descobriu a beleza e entrou de cabeça no maravilhoso mundo do faz de conta dos encantos artificiais. Até no futebol, o famoso esporte bretão, com suas jogadas ríspidas, seu corpo a corpo intenso, pontapé, carrinho e canelada, hoje convive com os modernos jogadores metrosexuais. Quando cabeceiam suas madeixas balançam no ar, como suaves crinas de cavalos alados. Já entram em campo, devidamente, depilados, alguns até com uma discreta maquiagem e gostam de exibir, também suas coxas trabalhadas: uma verdadeira febre que, as mulheres destes novos tempos, adoram sentir para ficar bem quentinhas! Foi-se a época, em que se ouviam jogadores gritando:- “Passe esta bola seu f d p!” Hoje, quando muito, seria: “Introduza-me, companheiro.” Futebol era muito violento: - “Entra firme, no fígado, no fígado!”.




Mudaram os tempos, mudaram os modos e diálogos como este que presenciei, entre dois machos, tidos como verdadeiros espadas, porém, com cara de bundinha de bebe.



A prova definitiva, de que, realmente, houve o apocalypse now do macho carioca.
- E aí Marcão, conseguiu o nome daquela rinsagem, mano?
-Consegui, mas Cavalcanti vou lhe alertar cara, fazer mechas do tipo luzes ou reflexos com descolorantes em casa é muito difícil. No máximo, a aplicação de umas cores superpostas em camadas...
-O que é isso?
-É cara.Você conhece as Spice girls?
-Já vi;
-Então, o cabelo fica parecido com o delas. Aquele penteado pode parecer complicado, mas não é. O cabelo tem que ser repartido em três: parte da frente, lateral esquerda e direita. De repente, você pode colocar três apliques: loiro, verde e cor de uva. Cada mecha é presa isoladamente e vira um rabo-de-cavalo desfiado. Está pronto, maninho!
-Pô Marcão, não fica meio viado, não?
-Cavalcanti, você é metro, centímetro ou milimetrosexual?
-E o creme anti-rugas?
-O melhor é o Newface com retinol e colágeno, corrige estas rugas profundas que você tem aqui...
-Marcão, tira o dedo do meu rosto Daqui a pouco todo mundo vai pensar...
-Você é todo grilado! Olha, este creminho reduz a linha de expressão e tem um efeito Lifting, muito legal...
-Lifting?
-É. Produz uma tensão e ergue a pele do rosto
-Pô cara, a boca não fica presa?
-Só se a policia pegar! - risos, muitos risos, gargalhadas!