FUTEBOL ATRAVÉS DOS OLHOS DELA



-Pênalti, seu safado. Se eu fosse sua mãe teria lhe dado educação, larápio, sem vergonha!
Atônito ao
seu lado, o marido sacode-a como se fizesse força para tirar-lhe de uma espécie de crise apopléctica.Enquanto isto, a imensa torcida naquela arquibancada de um Vasco e Flamengo, exigia que os solavancos aplicados àquela torcedora pouco acostumada com a regra do esporte fossem radicalizados e mais contundentes:
-Espanca! E
spanca! Espanca!- este era o termo mais ameno, pois a maioria dos torcedores usava palavras mais ofensivas e complexas, com direta repercussão sobre a honorabilidade da mãe daquela torcedora pouco íntima das regras futebolísticas.
-Shirleyne, onde você viu pênalti, sua maluca? Pênalti é só dentro da área.A jogada foi no final do campo.
-Então ali e o quê?
-Córner.Ele não marcou foi o córner.Que vergonha!E você ainda insistiu para vir com esta camisa do Flamengo para o meio da torcida do Vasco.
Enquanto isto, com a bola rolando e aquele tenso zero a zero, a torcida começou a entrar em grau máximo de fúria e ansiedade.Shirleyne, logicamente passou a ser o alvo preferencial da fúria incontida daquele bando indisciplinado. Levou com um picolé na cabeça, jogaram centenas de
copos, cheios de todos líquidos possíveis, inclusive os orgânicos e ainda mornos, uma verdadeira saraivada de bolinhas de papel e materiais assemelhados.Em pouco tempo, Shirleyne parecia um pinto molhado pegajoso e à sua volta um desagradável cenário de lixeira.
-Viu Shirleyne. Que vergonha! E você ainda está com este pau ai na cabeça.Tira isto daí.
-Na cabeça? Que desperdício!- lamenta a torcedora desqualificada.
Puxada vigorosamente pelo braço do vascaíno, seu acompanhante, tenta agora se livrar da tresloucada torcida do seu adorado clube, que aquela irresponsável jogara contra ele.
-Vo
u subir esta arquibancada e falar com eles – ameaça.
-Maluca, eles lhe trucidam, tiram a sua roupa, te curram.Você vai para o livro dos recordes, como a mulher currada por toda uma torcida adversária. Vamos embora.Vamos para uma zona neutra.
- Bem que ando merecendo uma recompensa destas...provoca Shirleyne.
Finalmente, salvos daquela inevitável balburdia, foram sentar-se num local mais protegido na arquibancada e cuja presença de quatro policiais, fortemente encassetados - sinômino daqueles que portam imensos cassetetes e prontos para usá-los - vigiavam alguns poucos torcedores, pois afinal ali era o pior dos piores lugares do estádio. Destes que você vê o campo na diagonal e torto.
Não havia outra alternativa, entre perder um bom lugar ou a vida a primeira hipótese era mais do que compensadora.
-Está vendo o juiz de amarelo não quer mais jogo.Viu como eu estava certo, seu metidão!

-Que juiz, Shirleyne, pelo amor de Deus! Aquele é o gandula que apanhou uma bola que estava a mais, dentro do campo. Juiz é o de preto, sua...
-Juizes, então. Pois tem três de preto – arremata com um nítido ar professoral e superior.
-Os outros dois são os bandeirinhas, cala esta boca sua maldita.Até os guardas estão debochando de você. Daqui pra casa. Cala a tua boca!
Contrariada, fungando e olhando de soslaio para aquele parceiro repressor, Shirleyne só mexia as pernas como se estivesse driblando alguém, imag
inariamente.
- Fecha estas pernas que coisa ridícula. Pára de se mexer, de ficar rebolando, como uma doida.Parece um gay em carro alegórico!
-Ah, vocês são todos iguais.Agora você manda eu fechar as pernas e parar de mexer. Em “outras ocasiões”, você muda todas essas regras...
-Não seja estúpida.Pare de falar alto estas bobagens.Todo mundo está olhando.
Durante algum tempo uma aparente calmaria, se apossou daquele oceano de estupidez futebolístico, até que o juiz corre para dentro da área do flamengo e aponta para a marca do pênalti.
Shirleyne alucinada, dando pulos e gesticulando com todos os membros disponíveis desabafa:
-Não foi córner, não foi córner seu ladrão desgraçado. Depois, eu é que não entendo nada de futebol.
Os guardas balançaram a cabeça em sinal de reprovação. Dois molecotes começaram a
ofendê-la com palavras chulas, de baixíssimo calão e grosseria máxima, complementado ainda, por gestos nervosos e obscenos, segurando e balançando com as mãos as suas genitálias para ela, enquanto corriam de costas rumo a um lugar menos poluído de burrice naquele que é considerado o templo do futebol brasileiro: o maracanã.

A NOVA MULHER SE ESCREVE COM BOM SENSO



A nova aparência feminina continua inalterada.Traços faciais emoldurados por cabelos sempre cuidados, sobrancelhas acertadas milimetricamente com pinças, lábios pintados por reluzentes batons, brincos dependurados e colares cada vez mais criativos entre outras demonstrações explicitas de vaidade.

Descendo um pouco mais, notamos que o seios - salvo alguns acidentes de percurso e algumas descompensações no alinhamento - continuam um ao
lado do outro - na maioria dos casos - e alguns tantos maxi-siliconados, daqueles que dispensam até os airbags originais dos seus carros. Como os americanos do norte sempre insistiram em chamar estas imensas bolotas, de seios, aqui pelo cone sul passamos a adotar a mesma nomenclatura.

O homem latino sempre teve em relação ao seio uma certa parcimônia, afinal emotivo e muito apegado às lembranças da infância, tem nas recordações maternas o mais puro sentimento relacionando aquele seio bom e provedor da vida.Isto causam –lhes, por vezes, reações paradoxais.Afinal, dizem que onde se ganha a vida não se come à carne. É assim? Não acho que o ditado é diferente, sei lá!

Apesar de que estas rememorações serem muito relativas e pouco consistente na hora que os instintos de reprodução explodem testosterona até pelos ouvidos.Afinal, se estas coisas de sentimentalismos em relação as nossas infâncias fossem mais forte, a ato sexual ficaria
inviabilizado, pois, todos os homens vêm ao mundo e saindo do mesmo lugar e nem por isso, revelam surtos de inapetência pelo órgão feminino responsável pelo passaporte de suas sobrevivências.Pelo contrário são tão cobiçadas que a própria natureza as escondeu bem discretamente, porque senão nenhum homem sairia de casa para trabalhar! Escondidinhas já são achadas insistentemente, imaginem escancaradas!A natureza é sábia.


Olh
ando-as de trás - vemos que apesar da mulher melancia exagerar um pouquinho - a visão que nos entusiasma é mesmo esta parte especialíssima delas, incluída como a preferência nacional masculina.Nem os poetas se atrevem a colocar o bumbum como suas obras eternas de rimas.A não ser os amadores e iniciantes que o fazem de maneira chula!

No entanto, não é por fora que deveremos analisar esta tão discutida e anunciada Nova Mulher e nem inspirados em serie da cinematografia televisiva, pois esta mulher não é moda, não está correndo atrás de audiência. Estão sendo formatadas por seus novos hábitos, usos e costumes, síntese de muito aprendizado anterior que parece lhes colocou no meio termo ideal.


Realmente, a Nova Mulher é jeito interior se ser.Suas ações, preferenciais ou ao portador, parecem estar mais valorizadas na bolsa dos valores sociais e, hoje renascem das cinzas como mulheres menos sôfregas, lamurientas, inseguras, com paranóias ou idéia fixa de casamento como forma de sobrevivência, lar, filhos e cheiro de fraldas usadas de bebes nas mãos, mesmo depois de bem lavadinhas.

Parece que aquele bando de mulheres meio perdidas na confusão daquelas mudanças iniciadas nas décadas de 60 e 70, radical nos seus conceitos de liberdade e emancipação assustou o homem e, tiveram até que inventar o Viagra. Afinal o que interessa ser radical e ficar na mão? Homem, realmente foge de mulher-Maguila.

Esta Nova Mulher é o meio termo que aprendeu a ir à luta por espaços sociais e não lutar contra o homem ou a ele querer igualar-se.Após os anos mais frenéticos dos movimentos feministas, parece a que a Nova Mulher foi se esquecendo daquelas lideranças femininas que falavam com voz muito grossa, fumavam charuto, estavam sempre dispostas a partir para a violência e tratavam o homem não como parceiro, mais sim, como adversários.

A Nova Mulhe
r é sábia. Não quer confronto, admite as posições diferenciadas, não radicaliza segurança nem se deixa levar pela submissão, porém sabe que não devem cometer algumas impropriedades, pois não fazem parte da natureza feminina como:

-Falar palavrões, palitar os dentes, sair dos banheiros dos restaurantes ainda abotoando o zíper, ir aos jogos de futebol de chinelos e ficar com pés enegrecidos, cuspir feito lagarta como se estivesse participando dos famosos cuspe à distância, ter chulé, cheiro debaixo dos braços, mau hálito, fazer gestos obscenos com as mãos daqueles bem conhecidos, discutir no trânsito, berrar na rua, andar feito homem embalançando o corpo feito malandro, fumar, beber e ficar com a boca cheirando a alambique de quinta categoria, viver se jogando nos pescoços dos homens, beijá-los na boca em público para mostrar aos respeitáveis transeuntes que não é um beijo técnico, facilitar excessivamente a transa, transar por modismo, achar que o trabalho é primordial à família, privar os filhos do colo insubstituível, e não ter consciência que o homem até colabora, mas é ele quem educa a ninhada. Não tem saída!


Por outro lado, e absolutamente paradoxal que apesar desta Nova Mulher emergente, nunca se constatou tamanha perda da identidade feminina como atualmente.Mulheres que só têm como ideal:

-Fazer um book para mostrar nas agências, participar de programas que as promovam a pousar nuas em capas de revistas, usar o corpo como matéria de troca, esquecer que pensa, ter com ideal casar com cantores ou jogadores de futebol, acreditar que garota de programa é uma profissão como outra qualquer, pensar que beijar na boca e o mesmo que comer pipoca, dar mole, dar muito e dar errado!

Gostaria de colocar estas contradições para discussão.