
Por isso, sempre penso se não estou naquela linha divisória entre o promíscuo e o carente , achando sempre que a segunda hipótese seria a mais apropriada e que me absolveria para continuar semeando e procriando, nesta imensidão das terras férteis e generosas femininas.
A decisão estratégica por optar pela hipótese de um necessitado e carente abandonado tornaria, por outro lado, desnecessário pagar um profissional para dizer-me o óbvio , ou seja, que eu deveria por mim mesmo reestruturar-me internamente,varrer as sujeiras da minha psique fazendo uma análise profunda em todos os estágios da minha consciência.

Então, venho tentando é recorrer às próprias mulheres, minhas adoráveis cúmplices sobre estas dúvidas constantes .
E evidente que sou mais vitima de uma sociedade repressiva e hipócrita que sempre associou prazer à culpa e pecado.

Procurei outra amiga com a qual sempre mantive uma amizade colorida pois, ela tinha muitas tatuagens vermelhas, outras azuis e algumas roxas, sendo porém a maioria, vermelhas, azuis e roxas,tudo junto e misturado.Verdadeiro arco-íris de sensualidade.

No entanto,ela quase vestiu a roupa e foi embora, dizendo que estava ali para esfregar suas tatuagens em mim e não transformar-se em consultora sentimental, pois tinha pouco tempo para dar uma “rapidinha” ponderando que toda aquela pressa era porque seu marido ciumentíssimo, estaria dentro de duas horas , no seu ninho de amor oficial.
Fracassei, também.
Então num destes presumíveis atos promíscuos ou carentes atividades de alcova convidei uma grande amiga, mulata, cheirosa, cabelos tipo africano, coxas monumentais,ancas largas e generosas de mulher parideira, sorriso incomum e franco com todos os dentes escancarados, além de umas nádegas enlouquecedoras.

Tais predicados sepultaram - não em cova rasa mais sim profundíssima- minha curiosidade filosófica – cultural e confesso que nem sequer tive o atrevimento de perguntar-lhe nada ,e sim... deixar que ela fizesse tudo!

Lembro-me também que um dia , numa atitude desesperada perguntei a minha, hoje ex-mulher de saudosa memória, o que ela achava da conduta de um amigo meu- suposto e imaginário – que vivia procurando de forma compulsiva muitas mulheres.

-Queria ser uma delas! – cravando assim uma imensa estaca de madeira de lei, no meu peito e pobre coração incompreendido.
E completou ainda que, devido à escassez das vezes que eu a procurava para dar-lhe um insosso orgasmo com aquela escassa e rotineira periodicidade mensal, tinha que aproveitar aquele raro momento, arrematando:

-Este safado e promiscuo “amigo seu” que procure um profissional, pois agora , como a farinha é pouca,meu pirão primeiro- encerrou bufando aquele desabafo característico de charminho: afffff!
Vejam, recomendou exatamente, o que eu nunca quis admitir e me ensinou para o resto da vida que mesmo suplicando respostas, santa de casa não faz milagre e muito menos as da rua!
