Naquele que era um hospital de referencia na localidade,
entra um cidadão pagador de seus impostos e na recepção ele mostra todos os
documentos exigidos, ficando uma hora depois liberado para as devidas atenções
profissionais médicas.
Tinha um machucadinho à toa, apenas uma fratura exposta na
perna direita e, o braço esquerdo estava pendurado na clavícula como se fosse
um pêndulo de relógio.
Isto tudo porque atravessou uma rua sem olhar para o lado e
quem aquele que vinha ao lado com seu carrão também, não olhou para ele e o
resultado foi catastrófico e, ainda tem que ouvir a atendente falar:
-Pronto sua fichinha está prontinha e agora o senhor quando
voltar semana que vem será o primeiro a ser atendido.
Não acreditando que estava ouvindo aquilo disse para
atendente:
-Mas como? Não consigo andar e meu osso tá aparecendo fora
da perna...
-Estou vendo senhor, isto chama fratura exposta e a sua é
bem exposta mesmo.
-E o meu braço parece um braço?
-Não está bem ruim mesmo, reconheço, se o senhor bobear ele
vai cair,porque o senhor está bem amassado mesmo, mas uma semana passa rapidinho.
-Então como voltar semana que vem? – reclama furioso aquele
pobre cidadão brasileiro.
-Senhor, além de não termos médico no momento, a sala de
cirurgia está ocupada por 176 imigrantes os quais o Brasil humanitariamente
recebeu de forma carinhosa e por enquanto, estão dormindo lá.
-Imigrantes? Dormindo na sala de cirurgia?
-Verdade senhor, os outros quartos todos, inclusive a
enfermaria estão ocupadas pelo pessoal do movimento dos sem terra, lamento e
dizem que só saem de lá quando houver reforma agraria.
-E o que faço? –desesperado procura junto à atendente uma
solução.
-Senhor, uma semana passa rapidinho, bem rapidinho o senhor
vai ver, volta e eu quebro o seu galho-tenta consolar a atendente que, também
não tinha culpa nenhuma daquela esculhambação generalizada.
Nisto, como num passo de mágica extraordinária e
contrariando todas as expectativas, vem passando um médico e após, o cidadão
ter implorado ao doutor uma providencia para seu caso, o profissional manda a
atendente providenciar um comprimido de novalgina para o quase moribundo e já no final do corredor ouve-se uma recomendação do médico:
-E repouso amigo, muito repouso nada de jogar futebol nem outros esportes radicais.
2 comentários:
Paulo,
Seu texto reflete bem o que vemos pelos hospitais do nosso país, uma dura realidade com pitadas de tragicomédia...
E sabe o que me deixa mais triste, temos esse direito a saúde por escrito:
“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução dos riscos de doença e de outros agravos e o acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.
E tal preceito é complementado pela lei 8.080/90, em seu artigo 2º:
“A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício”.
Ah, meu amigo, eu não sei se a gente deve rir ou chorar...
Um abração carioca!
sub helena,
o que mais existe neste país é lei para tudo, o negócio no entanto, funciona como se não houvesse,nenhuma.
Corretíssimo seu comentário!
Um abração carioca.
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