AFINAL, A CEIA DE NATAL.







Dezembro é antes de janeiro, depois vem fevereiro, ou seja, o mundo não acaba nos shoppings do Dia de Natal. Infelizmente, depois, temos que pagar, aí o saco explode!

Mas, o que interessa é a ceia de natal, as compras, a família reunida, os namorados das filhas, os amigos e a namorada dos filhos, cunhadas, genros, tios, tias...Oh tias!

Estas tias causavam verdadeiros traumas na ceia de natal, pois, durante toda as nossas infâncias, elas só costumavam dar meias brancas. Fala sério. Abra o seu coração!

Isso também acontecia com você?

Parece que combinavam, e uma delas comprava dezenas de pares de meias brancas, e então, repartiam fazendo aqueles embrulhinhos caseiros, com um papel de natal bem amassadinho e a fita durex retorcida. Um horror!

Davam e exigiam beijinho de retorno: Malditas meias brancas! Tia pão dura!

Mas, era melhor do que nada afinal...

E alguns de vocês, têm entre os seus parentes, aquele indesejável “Locutor de Ceia de Natal”, também chamado na intimidade de “quem fez?”.

É, o cara que fica irradiando, como se fosse um jogo de futebol entre suas incansáveis mastigadas:

- “Ooooh, este peru, como está macio minha gente, quem fez?”.

Maaaaaraaaavilhoooso! Vê-se que foi um peru tratado muito bem e em casa.

Que beleeeeeeeza minha gente! Quem fez?

E este presunto, nooooooossa, jamais poderia pensar ser tão bom. Até com este cravo enterrado nas suas partes ele não perdeu o charme e a elegância. Aliás, de todos estes condimentos o cravo para mim é sensaaaaaciiiiiioooooonaaaaal. Bola dentro, sem dúvida!

Farofinha gostosa, molhadinha, com ovos, que coiiiiiiiisa meu poooovo. Eu gosto assim bem ca-pri-cha-da!

Que bolinhos de bacalhau, Deuuuuuuuuuuus, isto sim é bolinho, bacalhau puro, sem aquela enganação de batata e um só um fiapo de bacalhau. Quem fez?

Olha esta rabanada, chega mais, entra na área do meu prato, está desmanchando na minha boca. Immmbaaatiiiveeel!

Que pecado este pudim de leite, vou engordar dez quilos, mas aqui dennnnnnnntro do meu praaaaaatinnnnnnnho! Ora vejam só. Quem fez?”

Enfim, e por aí vai ....

Mas, a outra figuraça da ceia de natal é o “só um pouquinho”.

-“ Não minha filha, é muito arroz de forno, só um pouquinho.

Espera deixa só um pouquinho deste chester, e um pouquinho de molho, só um pouquinho.

Pára, pára, pára é muito, só um pouquinho deste pernil de porco à pururuca”.

E de repente quando você olha para o prato do “só um pouquinho” ele está mais alto do que o monumento ao Cristo redentor.

E aquelas roupas de preços modestos que, geralmente, ou são um número menor ou dois números maiores? E o pior é que a pessoa já vem dizendo:

- “Olha querida se não ficar boa, aqui está o recibo de troca, dá uma passadinha nesta loja”.

Afinal, estou ganhando um presente ou trabalho?

Mas é natal, afinal tudo é ceia de natal.