DIÁLOGO DE CASAL.










Afirmar que o casamento é uma instituição falida e ultrapassada nada tem de verdade.
Existe , isto sim, pessoas cuja personalidade e convicções existenciais jamais deveriam procurar uma cara metade para infelicitar-lhes até que a morte os separe, assim ,como outros, que acreditaram sempre que poderiam ser felizes ao lado um do outro, por opção livre e convicção de valores próprios e imutáveis. Como vemos existe gente que nasce para aquilo e aqueles que vivem, também, para aquilo outro.
Entre o primeiro segmento social dos incompatíveis com a vida a dois e que a procuram irresponsavelmente, sabendo que além de sexo, muito pouca coisa sobra daquela relação e como sexo é igual a desejo de comer uma boa feijoada, naquele dia, se come: Pronto!
É impossível ficar comendo feijoada todos os dias durante anos.
Ai começa o troca-troca.











Eles começam depois de empanturradas de feijão e todos aqueles ingredientes típicos, a querer novidades como uma piranha assada na grelha, Farofa de içá torradinha (içá é um tipo de formiga, a fêmea da saúva que em geral se come as bundinhas delas, torradinhas), cogumelos da malásia fritos e as suas parceiras caem de boca na novidade de um testículo de boi à moda árabe, ou aquela campeã comida alemã ,o chucrute com grossas lingüiças de porco.
Enfim, quem opta por querer uma vida a dois só porque estava com fome um do outro, corre o mesmo risco daquele que entra no supermercado com o estômago vazio , ou seja vai comprar muito e comprar muito mal os alimentos que na verdade inconscientemente, ele está é matando a sua fome daquele momento.
Mas o casal Uracy Marissoba e Adélia Negromonte, era exatamente aquele tipo de gente que nasceu para viver a dois, viam pouca televisão, curtiam cinema só eventualmente, teatro idem, televisão vivia desligada mas curtiam conversar um com outro, durante horas pois, isso, era o que alimentava sua relação, independente de tudo.
É o famoso casal papo cabeça.
Vejam as pérolas dos diálogos que em certo momento Adélia Negromonte ponderava com Uracy Marissoba seu companheiro atento a cada palavra que sai da sua boca:
-Pois é Oracy, aquilo que eu mais gosto nos homens , em você é muito grande e extravagantemente, desnecessária.
-Meu membro genital, querida?
-Não, bobão, sua barriga ! - muitos risos e selinhos. E o revide foi imediato:
- Verdade Adélia, no entanto uma das coisas que eu mais gosto em você fica tão escondidinho, tão escondidinho, que eu só tenho acesso quando você quer e nem por isto eu jamais reclamei.





-Pô Uracy, ficando ali você não me de dá nem um minuto de descanso, imagina se ela ficasse na minha testa.Aí, com certeza, você nem sairia para trabalhar – novamente muitos risos e agora um beijo na boca não- técnico de língua, tipo vassoura, ou seja aquele que vai varrendo tudo lá por dentro
-Sabe Adélia, você deveria parar de dizer que quer ter múltiplos orgasmos toda vez que faz sexo comigo...
-Ué, porque, cara pálida?

-Porque Adélia, eu só tenho um de cada vez e acho isso muita sacanagem da natureza.
-Então, reclama com essa tal da natureza e propõe a ela ficar com meus múltiplos orgasmos e levar como bonificação as minhas menstruações, TPM e o escambal...
-Não Adélia, isso nunca! O preço seria muito alto - Mais risos e abraços e agora parece que de tão enroscados, vai ter muito além do que selinhos e beijos de língua na boca.Com certeza é jogo de campeonato, valendo três pontos e pelo jeito vai ter muita bola na rede.
Estão vendo como o relacionamento pode ser um eterno encontro de felicidade e humor?
Tem gente que nasce para aquilo.
E outros, também, para aquilo outro.
E você?