@.PAI TECLADO. ILUSÕES.ORG


Já tinha pensado até em recorrer a bruxaria, misticismo e o escambau !
Sentia-se amado ou traído por leitoras do seu blog. Era uma sensação estranha de uma coisa que não estava acontecendo, mas que sentia. Não estava acontecendo, pois sequer a do outro lado sabia, mas isso pouco importava, pois o fundamental é que ele sabia. E sentia! Sentia-se exausto, acabado, derrotado e dormia sobre o computador.

Quando descobria, dito pela própria blogueira que ela estava namorando, ficando, casando, juntando e outras,fazia beicinho, parava de comentar os seus textos e eventualmente, para não parecer sem educação, a parabenizava com um escancarado sorriso amarelo, e louco para dizer:

-Não sei quem você é, mas sinto que te amo. Ele não presta! – pensava revoltado.

Mas, como seria ridículo!Afinal, quem era o cara que estava com a sua “amada”, e quem era ela?

Porém, não interessava racionalizar seus instintos e julgava-se então, um corno virtual.

Sofria em pensar naqueles calorosos beijos de língua que eles trocavam, nas audaciosas posições libidinosas que ele exigia dela, colocando-a de quatro para sodomiza-la e cavalgando, nela é isto mesmo ,cavalgando, e ela enchendo o ambiente com gritos desesperados de prazer, enquanto o cara, mantendo as rédeas da situação, ordenava-lhe, subjugando-a como se o seu falo, fosse de um rei , príncipe encantado, ou do dono da Microsoft.

Aqueles pensamentos o levavam a dar porradas no teclado, e já tinha destruído vários.

-Nunca mais mando e-mail ou comento textos dela – Afirmava com a jugular estufada.

Nada disso, pois dias depois ela mandava-lhe um e-mail perguntando, qualquer bobagem, por exemplo, se ele sabia a diferença entre um asno e uma zebra, ou quando foi a última vez que tinha ouvido falar em casos de febre amarela no Brasil. Coisas banais e até desconexas.

Então ele descobria novas forças dentro daquele corno virtual e respondia, mas na realidade o que queria saber mesmo era, se o namoro já tinha terminado, se ele tinha morrido ou já estava grávida!

E a coragem? Ah tinha esquecido em baixo da sua pequenez e via a tal mulher desconhecida que, se escondia sob a alcunha do sugestivo nome do seu blog: “Aberta à Visitação “.

Um dia, coração inflamado, boca seca, lábios trêmulos, suor frio escorrendo-lhe no rosto e mãos hesitantes escreveu um e-mail, o definitivo, queria resgatar, dias de ansiedades, noites mal dormidas e sofridas masturbações.

“Minha Querida, Aberta a Visitações, tenho pensado muito em você e queria conhecê-la, pessoalmente, pois, como é grande o meu amor por você como já diria, Roberto Carlos...”.








Cafona, diriam vocês, mas todo homem apaixonado fica meio babaca. Ou totalmente?



No teclado do babaca nem existe a letra" B ", para não provocá-lo!





E por aí, um monte de clichês e frases comuns para sensibilizar sua mulher amante virtual que o corneava sem nunca tê-lo visto.

Todos os dias abria seu e-mail e nada, até que uma semana depois, veio um outro e-mail dela.

“Querido, recebi seu e-mail e realmente você é muito engraçado. Morri de tanto ri, mas valeu saber que você é um brincalhão!

Se meu "benhê" lesse isto. Nossa! Mas fica tranqüilo, meu “mô” não vai ler não, pois, já deletei.

Ah será que você poderia me responder onde posso comprar um mouse ótico baratinho?

Beijos, Aberta a Visitação”.

Então, ele desconcertado, deu mais umas porradas no teclado e começou a gritar: Benhê é o cassete!!!

“Mô”? Que galinha, vagabunda sem vergonha, deve estar sustentando este canalha, vai pra pqp!


O traído virtual é a nova grande maldição da Internet. Não é “benhê”?










Ou "mô"?