Lorberto era destes homens que vivia marcado pelas inevitabilidades das suas ações improváveis e que, nunca davam certo.
Antes de começar já parava, nem queria saber o resultado real, pois, na sua mente atrofiada por uma inferioridade injustificada, o pão com manteiga dele, iria sempre cair no chão e com a manteiga para baixo!
Andou lendo dezenas de livros de auto-ajuda, mas descobriu que, o ajudado era sempre quem vendia os livros. Partiu para as videntes, cartomantes,jogadoras de tarô e tantas outras cartas,e nada!
Lorberto queria somente uma mulher, este era o simplório e inalcançável sonho dele, enquanto, os seus amigos de tantas que as tinham e as chateavam, viviam querendo era livrar-se delas.
Isso para ele só reforçava sua pequenez enquanto um macho incapaz de prover uma mulher que lhe desse carinho, atenções, beijos múltiplos e diversificados e até eventualmente, pensava poder presentear-lhes com mimos ou quantias muitas vezes superiores a que elas precisariam para voltar de táxi para casa.
Estava disposto a deixar crescer ou raspar a barba, usar costeleta ou não, cabelos compridos ou bem curtinhos, e quem sabe até, se elas quisessem,exigissem ou gostassem, poderia colocar uns penduricalhos e piercings nas sobrancelhas, língua, lábios, umbigo e o escambau. Qualquer coisa!
Faria até tatuagens de borboletinhas nas virilhas e pensaria em escrever o nome dela na nuca.
Faria até tatuagens de borboletinhas nas virilhas e pensaria em escrever o nome dela na nuca.
Na nuca, ele nunca explicou a razão.
Se ficasse ridículo azar! Antes ridículo todo enfeitado e pintado do que de cara limpa e sozinho.
Na verdade os problemas de Lorberto não estavam fora dele e sim, dentro.
Na tentativa de saber se as mulheres gostavam de membros pequenos médios, grandes ou descomunais, pesquisou em vários estudos disponíveis,como vídeos pornográficos e olhava para o seu instrumento de trabalho comparando. O seu era sempre visto muito menor, mirrado, acanhado, sem aquele vigor que, segundo ele, os performáticos artistas de sexo explicito, demonstravam.
Mas, nada disso era verdade, apenas percepções distorcidas,visões menores provocados pelos seus complexos infinitos de insegurança e inferioridade.
Um dia conversando com um amigo pegador, profissional na arte do relacionamento, destes que arrastavam mulheres pelos cabelos e que fazia uma inveja incrível a ele, resolveu contar-lhe seu drama com o sexo oposto e prontamente o mestre ouvinte predador e caçador emérito lhe deu a solução:
- Cara, entra firme na mulherada! Diz mesmo com o coração aberto que você é um merda, só faz merda, vive nesta merda de solidão, porque tem uma personalidade de merda. Seja verdadeiro,mulher gosta de sinceridade - disparou o conselheiro e amigo.
Lorberto ficou olhando atentamente para ele e sem falar nada, pensou que, ontem mesmo tinha falado sobre todas aquelas suas merdas para uma gostosa que lhe disse muito amigavelmente, e cheia de ternura:
-Querido, desculpe, mais o meu banheiro já está ocupado!