Latinildo era um destes homens críticos que vivia
vociferando contra tudo e todos no país no qual, tinha sido parido pela sua mãe
(dele).
Figura ácida e de comportamento estranho e temperamento
insuportável o que já lhe custara um úlcera hemorrágica, enxaquecas constantes,
dores agudas no corpo e principalmente, na alma.
Latinildo era um contra do à favor e insatisfeito com sua
terra natal o Brasil, fugiu de tudo e de todos indo baixar suas malas e
esperanças na Finlândia, próspero e civilizadíssimo país.
Logo ao chegar ao aeroporto lhe perguntaram de onde vinha e
dizendo que era latino de debaixo dos trópicos a autoridade aduaneira coçou a
cabeça e disse:
-Mais um!- Em seguida pediu para que comparecesse na sede dos imigrante
às seis horas da manhã, para entrevista.
-Seis horas da manhã?-retrucou espantando o Latinildo.
-Exatamente!
-Mas no Brasil eu acordava onze horas, meio-dia, porque sou
formado em desenhista industrial e cansei de procurar emprego sem encontrar nada que me servisse,
andava meio deprimido, etc e tal...
-E veio para nosso país para quê?
-Trabalhar, nem que seja lavando pratos nos restaurantes,
hotéis, fazendo faxina, qualquer coisa.
-Espera "seu" Latinildo, não entendi. Se é para lavar pratos
ou fazer faxinas porque veio para tão
longe de sua pátria?
-Ah, aqui eu não conheço ninguém, posso limpar até privada e
ninguém saberá!
-“Seu” Latinildo, nós os Finlandeses somos meio difíceis de
entender as coisas dos latinos e, então quer dizer que saiu do seu país onde acordava
onze horas ou meio-dia porque não encontrava emprego na sua especialidade e mesmo passando
necessidades, nunca procurou ocupação em outra atividade?
-Nós latinos somos muito orgulhosos!
-Perdão, "seu" Latinildo, alguns poucos dos seus que agem
desta forma que o senhor está agindo não
são orgulhosos ,são burros mesmo!
-Você está me ofendendo.
-Desculpe “seu” latinildo, não fiz por mal.
E ao sair, Latinildo escutou a voz dizer-lhe:
-“Seu” latinildo, mudei de ideia...
-O que foi?- Perguntou temeroso o nosso brasileirinho
sonolento imigrante.
-Ao invés de vir às seis horas da manhã ao setor de
imigração amanhã, terá que vir durante três meses às cinco horas, bem antes do
sol nascer.
-O que? Vou voltar para o Brasil- desesperou-se Latinildo.
E ao longe ainda ouviu o chefe da aduaneira comentar com o
amigo finlandês às gargalhadas:
-Volte mesmo, preguiçoso contumaz. Aqui na Finlândia tem
trabalho! Se ele é brasileiro e trata com esta falta de cidadania e desprezo o
país onde nasceu, imagine entre nós o que será capaz de fazer. Farinha pouca
nosso pirão primeiro, concorda?
O outro finlandês da aduaneira, calado fez apenas um gesto e
muito conhecido, aqui também no Brasil, pelas costas do Latinildo: