INIMIGOS CORDIAIS.


Nunca se deram , porém como manda a boa norma de convivência social, suportavam-se pois, eram cunhados e assim deveriam caminhar as coisas, com elegância e sem maiores baixarias.

João Pedro e José Paulo eram os inimigos cordialíssimos e nos seus nomes traziam a imagem de três dos apóstolos de Jesus, e ainda de quebra do pai dele.Mais uma razão para não semearem sobre a terra o ódio, nem a luta fratricida entre famílias, pois afinal:”Ama a teu próximo, assim como vos amei” é a máxima filosófica do grande mestre que não poderia ser contrariada , de forma tão aviltante.

Porém,o inesperado fez uma surpresa numa festa de aniversários de um dos filhos de João Pedro , na qual José Paulo encheu a cara de manguaça, exagerou no combustível etílico e ficou muito doidão.



Então começam a aparecer as fantasias amorosas em família! O pior é que não parava de cobiçar a mulher alheia, no caso sua cunhada, uma bela cunhada, uma beleza de cunhada,a mulher de João Pedro e que despertava sempre um frisson naquela carne fraca, abandonada pelos freios da moralidade sempre que bebia muito do meio taradão, José Paulo.

Corria também, à boca pequena que João Pedro visitava, regularmente a mulher de José Paulo e a desculpa era sempre a mesma: Presentinhos para os sobrinhos.

Nelson Rodriques dizia que:”Não existe família sem adúltera!.


E o deus grego Baco, é que gostava de todos aqueles rodopios sensuais que aconteciam entre os familiares bêbados, encharcados de vinho e sempre um prato cheio, também para as sogras e mal-amadas de plantão, que acompanhavam as tramas das conquistas, os olhares proibidos e os olhos vivos delas, de ambos os lados,fervilhavam como verdadeiras e enormes botucas visuais , alimentando-se do fel implacável daquilo que servira para muitas fofocas,nos meses seguintes.

E tudo muito respeitosamente e com a mais fina e competente performance daquele bando de hipócritas, de sorrisos amarelados e faz- de- conta que nada acontece!

Mas,é sempre aquela velha história, ambos sabiam, e todo mundo também,pois a troca de mulheres em família é sempre acobertado pelo edredom impenetrável do frio da falsa moralidade e do silêncio que em pouco tempo não resiste aos apelos mais fortes das paixões incontroladas que berram nos ouvidos de quem queira ouvir, com boca ardente de desejo!
Uma situação degradante...para quem está fora daquela deliciosa promiscuidade!

Então, as famílias afastaram-se pois, as mulheres acharam que aquilo poderia progredir para coisa mais desagradável e passavam a ficar, muitos meses ausentes, dos encontros e das comemorações. No centro da cidade, no entanto e caminhando em sentidos opostos, eles se vêem e até que , João Pedro tentou atravessar a rua, para evitar o constrangimento, mas na verdade era uma avenida intransitável para pedestre, dado ao volume de carros.

Sem saída, ambos cruzam um com outro e iniciam uma amistosa conversa, absolutamente desanimada!

- Oi José Paulo.
-Oi- responde João Pedro.
-Pois é, João Pedro.
- É isso, José Paulo
- É mesmo.
-É.
-Tá certo.
-Tá
-Então tá.
-Tá bem.
-Pois é...
- É isso aí.
-Valeu.
-Valeu.
-tchau.
-tchau.

Durante aquele encontro inevitável , tenso e nervoso,ambos ficaram, o tempo todo com as duas mãos nos bolsos.

Pelo desconforto e mal-estar aparente entre os dois, em virtude do encontro indesejável, certamente que só conseguiram manter a calma, graças as suas mãos transformadas em tesouras que depilavam e arrancavam todos os seus pêlos pubianos , com violência compulsiva.

E quando eles ao se despediram e começaram a andar, os montículos arrancados de pêlos pubianos foram caindo pela boca das suas calças, deixando na calçada o rastro dos desejos incontroláveis de um pela mulher do outro e, do outro, pela mulher do um!