OS MELHORES PASSEIOS DA MINHA VIDA.

Tempo livre, é para ser curtido ao ar livre.Fora de casa, longe da mesmice de toda a semana e deste vicio abominável de ver televisão, como se a vida se resumisse a uma telinha iluminada de programas chatos e repetitivos.
Tenho amigos, absolutamente dependentes deste negócio de televisão. Eu não. Tendo chance, to fora! Vou viajar ver uma bela peça teatral, curtir um bom filme, enfim, coloco meu bloco na rua. Jamais deixarei que minha vida seja tão pouco criativa!No último domingo, fui a um belíssimo espetáculo de música clássica na Quinta da Boa Vista. Coisa de encantar os olhos e lubrificar os ouvidos dos mais exigentes puristas da música dos grandes mestres clássicos.
Apesar, de a seleção brasileira estar jogando na Bolívia, em La Paz, confesso que, em nenhum momento, pensei em deixar de assistir aqueles virtuosos homens e seus instrumentos maravilhosos. Naipes de violinos, solos de oboés, enfim...
Jamais, me acomodaria, trocando um espetáculo musical tão belo, pelo costume condenável de trancar-me em casa com os olhos grudados na televisão. Afinal, a vida é tão mais plural e diversificada, pois, temos o verde das florestas, o imenso azul do céu, aquelas cores fantásticas dos animais e dos peixes, o canto dos pássaros, eventualmente uma ou outra bala perdida –sejamos realistas - faz parte!É bem verdade, que estes modernos televisores digitais de tela plana de infinitas polegadas, com os recursos de áudio acoplados a um “home theatre”, é coisa de enlouquecer qualquer um.Porém, o máximo que, me permito, em ocasiões muito especiais, nos quais meus passeios coincidam com eventos televisivos de relevância, é levar meu televisor portátil e levíssimo.
Foi o que aconteceu nesta ocasião. Que jogo indescritível eu vi sentado naquela relva maravilhosa da Quinta da Boa Vista. Só dava Brasil. E que vitória, maiúscula! Um belo passeio. E tome gol na televisão. Cada solo na orquestra! Eu enlouqueci com a seleção brasileira. Um senhor muito simpático que, estava ao meu lado, contou-me alguns detalhes da magistral apresentação da orquestra sinfônica. Em retribuição contei toda a história do jogo para ele.
Sou, absolutamente, contrário ao hábito - hoje em dia muito comum nas famílias - de cada um chegar a uma determinada hora para almoçar ou jantar. Uns gostam de fazer suas refeições na sala, no quintal, outros no quarto, confortavelmente, recostados na cabeceira da cama. A mesa de jantar virou cabana para cachorro.
Então colocam um televisor instalado, em cada cômodo da casa. Até no banheiro.E ao lado do televisor, um celular. Um absurdo. Falar com familiares dentro de casa pelo celular? Fica parecendo uma colônia de baratas ou um bando de morcegos todo mundo trancafiado e escondido vendo televisão.
Se por exemplo, alguém tem algum comentário sobre o que acabou de ver em determinado canal, liga para o outro e assim, fica estabelecido o indispensável e insubstituível diálogo entre pais, filhos, e as companhias telefônicas. Sou contra estas nefastas modernidades!
É verdade que algumas mães, econômicas e tradicionais, nem usam o celular. Berram e esmurram as portas e aí, todos escutam, colaborando desta forma, na economia doméstica.
Semana passada fui convidado para um desfile de modas no Copacabana Palace. Era um estilista italiano, chamado Tutiamamte Cudioro, um excepcional artista da arte de vestir a mulher, sem que ela fique parecendo uma idiota.
Olha, vejam vocês as coincidências: ao meu lado, sentou-se um destes apaixonados por tênis e, coincidentemente o nosso Guga, estava jogando uma daquelas partidas decisivas. E aí, realmente, o Guga pegava a gente pelo coração. Era o Brasil de raquete. Não tem jeito! Reconheço que o aparelhinho de televisão foi o menor eu já tinha visto. Já estava sintonizado no jogo e poderia ser chamado de colosso da tecnologia japonesa. Tinha, no máximo, no máximo, umas cinco polegadas. Colorida, importada do Paraguai. Coisa de primeiro mundo!
Quando ele percebeu que, eu também gostava de tênis, dividiu logo comigo o hadfone, e presenciamos uma vitória inesquecível deste rapaz que, merece todos os aplausos desta gente brasileira e isto, sob os intensos aplausos de quem estava assistindo aqueles manequins e suas roupas deslumbrantes, mas que ninguém usa, fora dali.
Como a parceira deste amigo, filmou tudo, ao chegarem em casa, mandaram-me, pela internet o desfile completinho e muito bem filmado.
Então pude ver tudo, calmamente. Realmente, as cores e os brilhos daquelas lindas roupas e os corpos das modelos ficam muito melhores na televisão. É incrível como o aparelho de televisão delineia, marca, ressalta e da mais glamour às imagens! Parecia, um outro desfile.
Lógico que nada substitui os eventos “ao vivo” e se possível em contato com a natureza. Isto é imprescindível. Mas, sempre acontece o imponderável. Semana passada, confesso que fiquei um pouco contrariado, quando fui bater uma bolinha com o pessoal lá da empresa.
Como estava um pouco cansado, pedi para ficar no gol. Eis que, do primeiro andar do prédio no condomínio, onde jogava, escuto a trilha sonora da novela, cujo, último capitulo, seria exatamente, naquele dia.
Apesar de não dar muita atenção a programas de televisão e, principalmente, novela, tinha esquecido que, naquele dia, era o grande final. A cidade parou!
Corri até a lateral do campo e pedi para o pessoal do apartamento, virar um pouco mais o televisor, em direção ao gol que eu estava “defendendo” e, aumentar mais o som.
O pessoal foi muito legal e fez exatamente, o que eu pedi.
No entanto, é realmente, impossível ficar com um “olho no padre e outro na missa”, e com dez minutos de jogo, o adversário já tinha marcado oito gols, nas minhas redes.
Quando deixei entrar o nono gol, tomei um soco no pé do ouvido esquerdo - justamente no ouvido que estava virado, diretamente, para o som da novela e, quando acordei estava deitado no sofá da minha casa. E entre compressas de água gelada e um zumbido irritante no ouvido, pude ainda assistir ao final daquele inesquecível capítulo. Eu amo a vida ao ar livre!



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