Diamantino e Jurema formavam aquele casal que a todos encantavam pelas presenças educadas e comportamentos irrepreensíveis em publico. Eram considerados pela parentela próxima e distante- apesar de toda parentela ser de eméritos fofoqueiros- verdadeiros pombinhos os quais a sorte do destino uniu e os transformou em seres perfeitos um para o outro. Mas, ledo engano, pois no sacrossanto recolhimento do lar transformavam-se em bestas-feras com brigas constantes e diárias.
Era uma porradaria constante com ameaças de ambas as partes ,daqui pra lá e de lá pra cá sob insultos e tentativas algumas bem sucedidas de violência física caracterizada preferencialmente por socos, cusparadas que não doem mas sujam e chutes que não sujam mas doem pra cassete quando pegam em lugares sensíveis e inapropriados do corpo humano. Um horror!
Desesperado por tantos problemas Jurema resolveu por fim a sua vida que, mais se assemelhava a uma eterna experiência de morte ao lado de Diamantino que a seduziu quando ambos eram muito jovens e nunca mais a deixou sozinha depois de ter pago para ela uma maçã do amor na quermesse da igreja da santa padroeira da cidade mineira, onde viviam.
Jurema tinha um forte veneno de rato chamado chumbinho uado para matar e secar os invejáveis ratos da casa. Tomou aquilo e foi deitar-se e logo a seguir chegou o Diamantino perguntando onde tinha guardado a escumadeira pois, ele estava fritando ovos e não conseguia tirá-los da frigideira e como ela não respondia, viu que pelo canto da boca de Jurema saia muita saliva e esbranquiçada. Apavorado perguntou:
-O que houve Jurema?
-Tomei chumbinho seu desgraçado, prefiro a morte do essa vida maldita! - respondeu esquálida e quase desfalecida , mas... nem tanto.
Apavorado Diamantino fez com ela bebesse muita água e ao acordar Jurema estava enroscada no pescoço dele que agora também espumava pela boca, pois tinha tomado o restinho do pouquíssimo veneno ingerido pela Jurema e que tinha sobrado.
-Que palhaçada Jurema aquele pouquinho de veneno que deixei, após usar para matar os ratos aqui de casa, não daria para acabar nem com um percevejo e você tomou só pra dramatizar- desmoralizou Diamantino.
-É pois, agora vou me jogar da janela e acabar com tudo, adeus ingrato!-E Jurema saiu correndo em direção a janela.
-Jurema nossa casa é no térreo, deixa de ser idiota!
-Então vou pra cima do telhado e me jogo de lá.
-Do telhado não, pois se você me quebrar alguma telha aí sim eu é que te mato!-ameaçou Diamantino.
Então, os dois se olharam sem uma saída nobre para um suicídio espetaculoso e começaram a rir, jogando-se ambos na cama onde tudo sempre terminava de forma explosiva e tumultuada como uma grotesca novela mexicana:
-Vou por cima-exigiu Diamantino...
-Não, por cima vou eu - replicava Jurema..
-Sou eu,,,
-Eu..,
Bem, era sempre assim e as discussões duravam horas intermináveis antes de chegarem aos "finalmente", mas nós vamos ficar por aqui ,pois, afinal temos muito mais o que fazer.
Concordam?
6 comentários:
:)
REDONDA,
um abração carioca.
O ex-marido da secretária do escritório de advocacia onde trabalhei algum tempo era um destes "suicidas".
Vou-me matar amanhã, às X horas, no local Y, tomando veneno H :))
Abraço, boa semana
PEDRO COIMBRA,
pois é !
Tem gente que não entende nada de suicídio.
Um abração carioca.
Não sei como, mas perdi este texto no dia da sua publicação e hoje o encontrei meio por acaso!
Esses dois mineiros são demais! Já tive a minha dose de riso matinal à conta deles!
TINTINAINE,
nada é por acaso, afinal você acha que Deus joga dados?
Então, as coisas sempre são ao seu tempo.
Um abração carioca.
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