HÁDESER-O PAÍS DO FUTURO.
by Paul Tamburrowisk
Capítulo 4
E
tudo começou no Período jurássico
quando ainda não existia a Praia de Ramos.
Não pense de terno e gravata. Liberte‑se das amarras inconvenientes da lógica formal do raciocínio. Venha conosco ludibriar a chatice da realidade e brincar de fantasia literária.
Se
você vive respondendo que está “tudo bem” ao amigo que passa
apressado na rua, esquecendo‑se que está desempregado, devendo a todo mundo ou
chama a um ilustre desconhecido de “meu amigão” e até de “meu
irmãozinho”, ou ainda, se você vive vendendo firmeza e aquela autoconfiança,
por vezes só teórica, com a celebre afirmação de “deixa comigo, está tudo sob controle”, então, sem dúvida nenhuma, você é um tipo especifico
cultural de brasileiro deste país. Teu nome é: carioca!
Este
ser que se considera completo e, se imagina sempre de sunga na vastidão do mar
infinito, pele dourada e impregnado
pelo odor afrodisíaco sensual de maresia, e que de forma incorreta (mas, nem
sempre) é acusado de uma certa inaptidão para o trabalho. É este o clima!
Hádeser quer afastar‑se da presunçosa
objetividade. Não encontrarão aqui nenhum rigor cientifico nem histórico! Portanto
mergulhem de barriga em Hádeser, pois, estas páginas foram escritas como uma
forma derradeira de resgate daquele senso de “carioquismo”- que as balas perdidas não conseguem acertar- que na realidade é a
do povo brasileiro e daqueles que ainda cultivam a liberdade e o desapego pela
chatice formal, da mesmice contumaz encontradas naquelas obras encadernadas de capa dura e
letras douradas.Ao invés da apoteose ao Cartesianismo, vamos bagunçar e,
esquecer que somos seres- ladrilhos, irremediavelmente presos nesta parede
interminável de compromissos diários.
Hádeser
é um devaneio. Um soluço intelectual sem nenhuma pretensão de imortalizar‑se
como obra prima, tia, avó, ou cunhada. Você poderá até considera‑la uma obra
madrasta, filha bastarda da intelectualidade carrancuda que se alimenta da
ingestão compulsiva do chopinho e falar sobre miséria em mesas perdidas nos bares da moda, nos quais se
endireita o mundo na teoria e, inundam-se os mictórios, na prática. E haja
limão ou naftalina para melhorar o ar ambiente!
Hádeser
pretende inaugurar a literatura amante, ou seja, pouco compromisso e muito
prazer.
Mas,
continuando aqui nossa, necessária e rápida introdução (calma, prefácio!), Hádeser seria
mais bem descrita como uma sátira de costumes, isto se tivéssemos realmente a
pretensão de adjetivar esta nossa inconsequente e desprezível não‑contribuição
ao acervo literário da humanidade. Finalmente, diríamos que, se você é lógico e
vive procurando coerência nos fatos, vá ler outra coisa. Que tal o Pequeno
Príncipe?
CONTINUA.
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